No último sábado, 25, o papa Francisco declarou que considera que a Igreja Católica está pronta para alterar seu calendário litúrgico pela primeira vez em muito tempo, para determinar uma data fixa a uma das celebrações mais importantes do cristianismo: a Páscoa — que hoje possui sua data móvel.

Em setembro de 2024, Francisco já havia se reunido com o grupo Pasqua Together 2025, uma iniciativa dentro da Igreja Católica que pretende articular este acordo de determinar uma data única para celebrar a ressurreição de Cristo. Na ocasião, o pontífice afirmou: "a Páscoa pertence a Cristo e não aos nossos calendários", repercute o UOL.

E no sábado (25), Francisco reforçou sua crença de que os católicos estão prontos para esta mudança na data:

“Renovo meu chamado para que essa coincidência sirva de lembrete a todos os cristãos para darem um passo decisivo rumo à união, e isso em torno de uma data comum para a Páscoa. A Igreja Católica está disposta a aceitar a data que todos desejarem, uma data de união", disse o papa na missa que encerrou uma semana completa de orações pela união dos cristãos.

A coincidência mencionada, no caso, é que neste ano a Páscoa será celebrada no dia 20 de abril para todas as denominações cristãs, e não exclusivamente aos católicos romanos, visto que os ortodoxos adotam um calendário diferente. Enquanto os romanos tomam como base o calendário gregoriano desde 1582, os ortodoxos utilizam o calendário juliano, que entrou em vigor muito antes, em 46 a.C..

Páscoa

Segundo o UOL, a Páscoa cristã começou a ser celebrada a partir das referências das escrituras, com base na Páscoa judaica. Como é descrito na liturgia, a ressurreição de Cristo ocorreu no terceiro dia da Páscoa judaica, o que seria o 16º dia do mês de Nissan, no calendário lunissolar hebraico.

Mas para facilitar, com o passar dos anos, no segundo século diferentes grupos de cristãos começaram a celebrar a data apenas aos domingos, até que, em 325 d.C., durante o Primeiro Concílio de Niceia, a mudança foi acatada oficialmente.

Em 1054, o Grande Cisma dividiu a Igreja Católica entre Romana e Ortodoxa, o que aprofundou ainda mais as diferenças nas datas de celebração da Páscoa, e em 1582 os católicos romanos começaram a usar um novo calendário, com 12 meses, utilizado até hoje em grande parte do mundo; enquanto os ortodoxos seguiram adotando o calendário juliano, sem anos bissextos.

Vale mencionar ainda que a Páscoa é celebrada, conforme a tradição cristão romana, no primeiro domingo após a primeira lua cheia após o equinócio de primavera no hemisfério norte (de outono, no sul) — equinócio é um fenômeno que ocorre duas vezes no ano, em março e em setembro, quando a inclinação da Terra faz os raios solares incidirem exatamente sobre a Linha do Equador, levando o dia e a noite a durarem o mesmo tempo na ocasião, 12 horas cada. (Texto Eric Moreira – Aventuras na História)