Paciente de Avaré e doadora de sangue considerado raro celebram amizade
legenda: Franciele e Carla, receptora e doadora de "sangue raro", durante encontro no HC de Botucatu: "Agora somos irmãs" — Foto: Reprodução/Tv Tem
A costureira Franciele Cristina Bruder e a auxiliar de saúde bucal Carla de Souza são unidas pelo sangue há dois anos, mas não são parentes. E neste dia 25 de novembro, data em que se celebra o Dia Nacional do Doador de Sangue, elas podem festejar o fato de ambas existirem e, desafiando as estatísticas, terem conseguido se encontrar.
O motivo é que Franciele, moradora de Avaré, possui desde muito cedo a rotina de receber sangue por causa do diagnóstico de anemia falciforme, uma doença genética que altera o formato dos glóbulos vermelhos e causa anemia e também muita dor.
Como ao longo da vida a costureira já recebeu 110 transfusões, seu sangue criou anticorpos que a obrigam agora a receber um sangue muito específico. E esse “sangue raro”, com vários fatores além do tipo e do RH, é o tipo sanguíneo da Carla.
Semanas antes desse Dia Nacional do Doador de Sangue, as duas se encontraram pela primeira vez, quase dois anos após estarem unidas pelo sangue. O encontro aconteceu no Hemocentro do Hospital das Clínicas (HC), de Botucatu.
Para se ter uma ideia de como o sangue que Franciele precisa, e que a Carla possui e doa, o Hemocentro do HC possui mais de 10 mil doadores e só 138 deles têm o tipo considerado raro. E mesmo assim, apenas três doadores são compatíveis com a Franciele.
Segundo a biomédica Patrícia Carvalho Garcia, coordenadora do Hemocentro do HC, quando um paciente como Franciele entra em uma crise chamada de crise álgica, ela precisa rapidamente receber uma transfusão para a melhora dos sintomas de dor.
E para encontrar quem seja compatível com um sangue tão raro é uma corrida contra o tempo. Além de quem possui a anemia falciforme, esse tipo de sangue específico é uma demanda de pacientes oncológicos, com doenças crônicas, gestantes e recém-nascidos.
“Muitas vezes eu não encontro dentro da família do paciente alguém compatível, então eu preciso buscar dentro das pessoas que doam sangue essas características especiais, esses mais de 300 fenótipos que são incomuns na maioria da população”, explica a biomédica.
FONTE: G1 BAURU E MARÍLIA