Ministério Público pede explicações sobre uso de recursos na Santa Casa
legenda: Santa Casa da cidade anunciou que não tem mais kits para entubação e não consegue mais receber pacientes
Fonte da Foto: A ComarcaO Ministério Público pediu explicações para a Diretoria Regional de Saúde de Bauru (SP), da qual Avaré (SP) faz parte, para entender como os recursos médicos hospitalares estão sendo usados para o atendimento de pacientes com Covid-19. O MP também questiona a Prefeitura de Avaré sobre a mesma situação.
O questionamento vem depois que a Santa Casa de Avaré anunciou que não vai mais receber pacientes encaminhados pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), nesta sexta-feira (6).
A decisão do hospital é por conta do alto número de internações causado pela pandemia de Covid. Segundo a unidade, que conta com 15 leitos de UTI e 16 de enfermaria, os medicamentos para sedação e intubação de pacientes com coronavírus acabaram.
De acordo com o diretor técnico do hospital, Dilermando Chaves, com a ausência de medicamentos, os kits que restam estão sendo usados prioritariamente em pacientes já internados na UTI e também para as cirurgias de emergência. A decisão é por tempo indeterminado.
"A Santa Casa de Avaré, como outros hospitais, está sofrendo com a falta de insumos para sedação de pacientes com Covid-19. Semana passada emitimos um comunicado para DRS de Bauru, para a Secretaria Municipal, alertando dessa dificuldade que já estávamos vivenciando a um certo tempo e nós chegamos no limite dessa situação", ressalta.
A orientação é para que os pacientes que precisam de atendimento procurem o hospital mais próximo. Neste caso, em Botucatu (SP), a 75 quilômetros do município.
A Santa Casa de Avaré anunciou que chegou a uma situação extremamente preocupante por causa da dificuldade em adquirir esses medicamentos aos pacientes graves.
De acordo com a administração, a grande dificuldade é conseguir a compra desses medicamentos fundamentais para garantir o tratamento dos pacientes com os fornecedores. Alguns itens tiveram reajuste de aproximadamente 1000% nos últimos meses.
"Nós tivemos aumentos exorbitantes de preços de insumos, de remédios, de drogas, mas de luva, material de procedimento cirúrgico, os EPI's que a gente usa. A Santa Casa tem uma restrição enorme orçamentária, para nós o baque foi muito grande. Fora isso a dificuldade para achar para comprar num preço justo", explica Dilermando.
A Santa Casa da cidade é referência no atendimento de 17 municípios da região, que tem 350 mil habitantes, o que faz a unidade médica ter alto fluxo de pacientes. De acordo com o secretário de Saúde do município, Roslindo Wilson Machado, a Santa Casa é o único suporte para internação.
"Nós temos o pronto-socorro onde os pacientes estão sendo atendidos. Não temos onde colocar pacientes de outros municípios, mas os pacientes aqui de Avaré aguardam vaga aqui no pronto-socorro", explica Roslindo. Em nota, o Hospital das Clínicas da Unesp de Botucatu (SP) informou que a unidade é referência para 17 municípios da região de Avaré e que já atende pacientes dessas cidades.
Já o governo do estado de SP informou disse que foram enviados mais de 2.200 itens de medicamentos de intubação à Santa Casa de Avaré entre março e abril e que está à disposição pra redirecionar pacientes via Cross. A nota reforça ainda que tem dialogado com o governo federal para a liberação de mais insumos e que estão em andamento trâmites para compra emergencial de mais remédios do tipo. Desde o início da pandemia, a cidade registrou 6.224 casos positivos de Covid, sendo 139 mortes e 5.945 curas.