Levantamento aponta presença de agrotóxicos em água distribuída em Avaré

Levantamento aponta presença de agrotóxicos em água distribuída em Avaré

legenda: Confira as cidades da região onde também foram apontadas presença de agrotóxicos

Fonte da Foto: Reprodução G1 Itapetininga (Marcel Scinocca)

Mais de 50 cidades das regiões de Sorocaba, Jundiaí e Itapetininga (SP) apresentaram agrotóxicos na água distribuída à população em 2022. As informações estão em um levantamento divulgado em 16 de outubro pela Organização Não Governamental Repórter Brasil, com dados do Ministério da Saúde.

Das 54 cidades das três regiões, 46 têm a distribuição de água operada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). As outras dez tem autarquias e departamentos que realizam os trabalhos de forma autônoma.

Conforme o levantamento, as cidades de Sorocaba e Porto Feliz apresentaram o maior número de agrotóxicos, com 27 cada. Em Iperó, Itu, Salto, Votorantim e Mairinque foram identificados 22 tipos de agrotóxicos diferentes.

Houve registro ainda em Alumínio, Capela do Alto, Piedade e Salto de Pirapora .

Na região de Jundiaí, Itatiba apresentou 27 tipos agrotóxicos, conforme o levantamento. Em seguida, aparece a cidade de Itupeva que apresentou 26. Conforme os dados, também estão na lista as cidades de Jundiaí, Cabreúva, Jarinu e Várzea Paulista.

Itapetininga

Na região de Itapetininga, as cidades onde foram encontrados agrotóxicos na água distribuída são as seguintes:

Alambari, Angatuba, Águas de Santa Bárbara, Arandu, Avaré, Boituva, Buri, Campina do Monte Alegre, Capão Bonito, Cesário Lange, Conchas, Guareí, Iaras, Itaberá, Itapetininga, Itapeva, Itaporanga, Itararé, Laranjal Paulista, Nova Campina, Quadra, Pereiras, Ribeirão Branco, Ribeirão Grande, Porangaba, São Miguel Arcanjo, Pilar do Sul, Sarapuí, Sarutaiá, Taquarituba, Tatuí, Tejupá, Timburi, Torre de Pedra. Essas cidades são atendidas pela Sabesp.

Porém, a região de Itapetininga também aparece na lista com as cidades de Cerquilho, Cerqueira César e Manduri. Elas administram a distribuição de água de forma autônoma. Para conferir o número de agrotóxicos encontrados em cada uma delas, acesse este link.

O que dizem as instituições

A Sabesp, que é responsável pela maior parte dos municípios citados na reportagem, afirmou que a água distribuída é segura e atende à legislação do Ministério da Saúde. "A Sabesp informa que monitora a qualidade da água distribuída aos clientes, realizando várias análises diárias com rigorosos controles em todo o sistema", garante.

A empresa pública diz ainda que, em todos os 375 municípios atendidos, todos os ensaios realizados para agrotóxicos em 2022 apresentaram resultados abaixo do valor previsto na lei, o que atesta a qualidade e a segurança da água. "A Companhia realiza cerca de 114.000 análises laboratoriais mensais e monitora sistematicamente todas as etapas do sistema de abastecimento."

O Saae de Sorocaba afirmou que os índices apresentados no relatório do Ministério da Saúde (MS), referentes à presença de agrotóxicos, são classificados como “não representativos” (próximos a zero ou zero). "Isto é, não indicam qualquer desconformidade e não causam interferência no padrão de excelência em potabilidade da água distribuída na cidade de Sorocaba."

A autarquia garantiu ainda que realiza análises de diversos parâmetros, físicos, químicos e microbiológicos, nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), em todas as etapas, seguindo os padrões de potabilidade, durante 24h por dia.

"Também faz o monitoramento diário de toda a cidade, por meio de coletas e análises nas redes, reservatórios e poços, com equipes que percorrem roteiros preestabelecidos."

A DAE de Jundiaí informou que o controle da qualidade da água fornecida para abastecimento "é feito pelo Laboratório de Controle de Qualidade da empresa e atende, rigorosamente, à Portaria GM/MS n° 888, de 4 de maio de 2021, do Ministério da Saúde, sob fiscalização da Vigilância Sanitária".

Ainda de acordo com a instituição, esta portaria exige a análise de aproximadamente 40 agrotóxicos e todos, no caso da DAE, "estão dentro do valor máximo permitido, indicando a inexistência de "não conformidades" registradas na rede de distribuição da cidade".

Por fim, lembra que o laboratório é certificado e que os resultados não conformes, quando encontrados, "são restabelecidos por ações corretivas para reenquadramento aos padrões de potabilidade.'

O Saae de Salto informou que obedece a todos os parâmetros legais de tratamento e análise da água que abastece, sempre em acordo com o estabelecido pelo Ministério da Saúde e segue fiscalizações externas.

"Nossos laboratórios, tanto o da ETA João Jabour quanto o da ETA Bela Vista, realizam análises sequenciais e constantes de amostras de água, e isso em cada etapa: antes, durante e após o tratamento. Apenas após esses rigorosos testes de potabilidade que ela é enviada aos mais de 40 reservatórios da cidade, de onde é distribuída para os imóveis."

A Companhia Ituana de Saneamento (CIS) diz que faz o monitoramento e análise diários da água fornecida à população. "Conforme a legislação do Ministério da Saúde, que determina procedimentos de controle, vigilância da qualidade da água e padrões de potabilidade para todo o território nacional, podemos afirmar que a água distribuída e consumida em Itu está dentro dos padrões estabelecidos."

Não comentaram

A Superintendência de Água e Esgoto de Manduri (Saeman), o Departamento de Água e Esgoto de Cerqueira César, e o Saae de Cerquilho e de Porto Feliz não retornaram até a última atualização desta reportagem.

O g1 não localizou ninguém da empresa Águas de Votorantim para comentar o caso. A prefeitura da cidade não se manifestou.

Preocupação

André Cordeiro Alves dos Santos, mestre e doutor em engenharia ambiental e especialista em ecossistemas aquáticos e recursos hídricos, afirma que a situação é assustadora. "E não há nenhuma forma de controle nem no uso nem na melhora dos sistemas de tratamento para reduzir a quantidade que chega na água de abastecimento", comenta.

Anete Versolato, que defendeu, em 2022, uma tese de mestrado de gestão ambiental sobre o tema, inclusive com os dados sobre a região, afirma que nossa legislação é falha.

"Hoje, não há um limite que eu posso ter de agrotóxicos em águas. Somente é analisado individualmente cada tipo de compostos, independentemente da quantidade que teremos", diz.

Apesar de considerar o tema complexo, ela defende algumas medidas para amenizar o quadro. "Algumas coisas são: fortalecer a agroecologia, preservar a mata ciliar, proibir a pulverização aérea de agrotóxicos, investir e tecnologias de remoção de compostos químicos da água, e isso inclui uma variedade além do agrotóxico."

Levantamento

O levantamento aponta a possibilidade de mistura de 27 diferentes tipos de agrotóxicos, que foi detectada na água consumida por parte da população de 210 municípios brasileiros.

As informações, conforme a entidade, são resultado de um cruzamento de dados realizado pela Repórter Brasil a partir de informações do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde, com testes feitos em 2022.

O Sisagua, conforme o Ministério da Saúde, é um instrumento do Vigiagua que tem como finalidade auxiliar o gerenciamento de riscos à saúde a partir dos dados gerados rotineiramente pelos profissionais do setor saúde (Vigilância) e responsáveis pelos serviços de abastecimento de água no Brasil.

FONTE: G1 ITAPETININGA (Marcel Scinocca,)

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