Dom Maurício preside missa pela consagração da Rússia e da Ucrânia
legenda: A celebração eucarística acontecerá na Catedral Basílica de Sant'Ana, de Botucatu, às 15 horas
Fonte da Foto: Reprodução Cartaz do eventoAtendendo ao pedido do papa Francisco, nesta sexta-feira, 25 de março, o arcebispo de Botucatu, dom Maurício Grotto de Camargo celebrará missa pela paz no mundo "e em ação de graças a Deus pela consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria", comunicou o vigário-geral, padre José Francisco Antunes.
A celebração eucarística acontecerá na Catedral Basílica de Sant'Ana, de Botucatu, às 15 horas
Neste mesmo dia, às 13h (horário de Brasília) – 17h em Roma, o papa Francisco consagrará os países à Virgem Maria. Em seguida, por todo o mundo os bispos renovarão esta consagração, pedido do pontífice para toda a Igreja.
"Peço a todas as comunidades diocesanas e religiosas que aumentem os momentos de oração pela paz", disse dom Maurício. Na audiência geral de 23 de fevereiro deste ano, o papa pediu um dia de oração e jejum pela paz na Ucrânia na quarta-feira de Cinzas, dizendo: "Que a Rainha da Paz preserve o mundo da loucura da guerra".
"24 horas para o Senhor"
O arcebispo declarou que este será um momento importante na vida da Igreja, lembrando que na aparição de 13 de julho de 1917, em Fátima, Portugal, a Virgem Maria pediu que a Rússia fosse consagrada ao seu Imaculado Coração, afirmando que, se este pedido não fosse atendido, o país espalharia seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. "Os bons serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas", disse em Fátima, a Virgem Maria aos três pastorinhos.
Em Botucatu, para que os fiéis possam participar, a Paróquia da Catedral promoverá a maratona de oração "24 horas para o Senhor", das 7h de sexta-feira até às 7h de sábado, 26. Nesse período a igreja permanecerá aberta por 24 horas, sendo que estão programadas sete missas nesse período, a fim de estimular os católicos a rezarem intensamente pela paz mundial.
Consagração
A sala de imprensa da Santa Sé divulgou a oração do papa Francisco para o ato de consagração ao Imaculado Coração de Maria. A oração será nesta sexta-feira, 25, na Basílica de São Pedro às 17h (hora local, 13h em Brasília) durante a celebração penitencial. Haverá a consagração especialmente da Rússia e Ucrânia, na intenção pela paz.
Confira a seguir o texto completo do ato de consagração a ser pronunciado pelo chefe da Igreja na celebração penitencial:
Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amai-nos e conhecei-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.
Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!
Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.
Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.
Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.
Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.
O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.
Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.
Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.
Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amém.