DIG de Avaré captura autor de duplo homicídio
legenda: Alan Tramontina Valente Cerqueira, de 43 anos, foragido da Justiça há duas décadas, foi localizado na zona rural de Piraju
Fonte da Foto: DIG de AvaréAlan Tramontina Valente Cerqueira, foragido da Justiça há quase 20 anos, foi capturado por policiais da Delegacia de Investigações Gerais - DIG - de Avaré na tarde desta quarta-feira, dia 29, em um sítio em Piraju. Ele é acusado de duplo homicídio, um em Santo André, já prescrito, e outro em São Vicente. Os casos ficaram conhecidos após exibição no extinto programa “Linha Direta”, da Rede Globo de Televisão.
A ação policial ocorreu depois de intenso trabalho investigativo e de inteligência da DIG, que permitiu a localização do foragido e o acompanhamento de sua rotina. A estratégia culminou no cumprimento do mandado de prisão pelo crime que tirou a vida de Jorge Luiz da Silva, sogro de Alan, morto com oito tiros no ano de 2003.
Segundo as investigações, Alan estava radicado em Piraju há pelo menos cinco anos, período no qual sempre usou os documentos do irmão Eduardo Cerqueira. Estava ganhando a vida como feirante, ocupação que mantinha junto com a atual companheira, S. L. L., de 33 anos.
Certo de que ninguém conseguiria revelar sua verdadeira identidade, e mais confiante ainda na impunidade, Alan mantinha até perfil em redes sociais. Entretanto, o descuido ajudou a Polícia a localizá-lo. A abordagem ao foragido ocorreu sem qualquer risco de morte para os agentes. Ele confessou a falsa identidade.
“Qualquer medida que fosse além daquilo que havia sido planejado poderia colocar em risco a operação, tendo em vista que não descartávamos a hipótese do Alan estar armado. Felizmente deu tudo certo”, explicou o delegado Fabiano Ribeiro Ferreira da Silva, da DIG, para quem a cautela adotada no caso foi fundamental para concluir a tarefa com êxito.
De acordo com a Delegacia de Investigações Gerais de Avaré, Alan será encaminhado para a Unidade de Transição de Presos de Piraju, onde permanecerá à disposição da Justiça de São Vicente, unidade judiciária responsável pelo processo do homicídio ocorrido em 2003.
PASSADO CRIMINOSO - Alan foi acusado de ter assassinado na cidade de Santo André, em janeiro de 1994, com um tiro pelas costas, o jovem Leandro Henrique Scherner. O homicídio, segundo as investigações, teria sido encomendado por um traficante da cidade. Em troca, Alan receberia cinco gramas de cocaína. O crime prescreveu, ou seja, o Estado não pode mais punir o autor em razão de a denúncia não ter sido feita no prazo legal.
Após o assassinato, Alan passou a morar na cidade de São Vicente, no litoral paulista, usando os documentos de seu irmão, Eduardo Tramontina, que não tinha problemas com a Polícia. Naquele local conheceu e casou-se com a jovem Monique Alba, na época com 18 anos.
Como era frequentemente agredida pelo cônjuge, Monique foi retirada da casa pelo pai, o cabo da Polícia Militar Jorge Luiz da Silva. No dia 02 de novembro de 2003, Alan matou o sogro na saída de um clube e a família de Monique descobriu seu passado criminoso.
Os casos ficaram famosos depois que foram apresentados pela Rede Globo de Televisão no “Linha Direta”, programa de grande audiência exibido entre os anos de 1999 e 2007, que apresentava crimes famosos ocorridos no Brasil e cujo principal atrativo era a reconstituição desses casos mediante encenação com atores. O programa chegou a ser apresentado pelo jornalista Marcelo Rezende, falecido em setembro de 2017.
Leia trecho do caso retirado do site da Rede Globo – Programa Linha Direta
“Casada com a dor”
Filha de cabo da PM, de 18 anos, Monique Alba conheceu um segurança em um bar de São Vicente, no início de 2001. Após meses de namoro, a família da moça foi informada que o segurança era viciado em drogas e violento com mulheres. Em uma reunião familiar, onde estiveram presentes o pai, as tias e os avós, a moça foi aconselhada a terminar o relacionamento. Ao invés disso, pouco tempo depois, ela anunciou que estava grávida. Logo no início do casamento, ela sofreu as consequências da escolha: passou a ser espancada e trancada em casa. As agressões eram tão violentas que a jovem passou a usar maconha, fornecida por Eduardo, para anestesiar a dor. Em setembro, o pai conseguiu tirar a filha machucada e o neto de dentro da casa com escolta policial. O segurança passou a ameaçar o sogro. No dia 02 de novembro, o PM foi morto com oito tiros e uma testemunha afirmou que viu o segurança e um comparsa atirando no PM. A moça então confessou que o marido Eduardo, na verdade, tinha outra identidade e era foragido da justiça. Acusado de homicídio, ele havia usado, nos últimos dez anos, os documentos de seu irmão, que tinha ficha limpa na polícia.