Casal de Avaré chefiava quadrilha de furtos e roubos de máquinas agrícolas
legenda: O líder do bando e a mulher dele foram presos preventivamente no último dia 03/07 durante operação; grupo tem ramificações em países como Paraguai e Bolívia
Fonte da Foto: Polícia CivilA Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Avaré divulgou nesta quarta-feira, dia 10/7/19, após 12 meses de investigação, relatório no qual representa ao Judiciário pela prisão preventiva de integrantes de uma quadrilha especializada em furtos e roubos de máquinas agrícolas, bem como na destinação ilegal desses bens. O líder do grupo, T. P. de L. e a mulher dele, T. C. B., ambos de Avaré, já foram presos pela DIG no último dia 3/7, durante operação.
Segundo o documento, a quadrilha é formada pelo casal e por indivíduos residentes em Osasco e Itú, no Estado de São Paulo, nas cidades de Uberaba (Minas Gerais), Uraí (Paraná), Itumbiara (Goiás), bem como por indivíduos fixados em países vizinhos, entre eles a Bolívia e Paraguai, prova de que as transações também tinham caráter transnacional.
Essa organização seria responsável pela subtração de pelo menos uma dezena de tratores ocorridas em propriedades rurais em diversos municípios, desde 2018 até agora. O caso mais recente foi registrado no último mês de março, em Águas de Santa Bárbara.
Onze indivíduos no total, sendo três mulheres, são acusados de participar do esquema, cada um com tarefas específicas. Na casa onde T. P. de L. e a mulher moravam foram cumpridos mandados de busca. De celulares apreendidos nesse local foi possível captar mensagens de texto, conversas gravadas em rede sociais, bem como centenas de fotografias que serviram de subsídio para provar o conluio dos integrantes.
Elaborado com quase 100 páginas, o relatório do inquérito policial da DIG é minucioso. O documento relata a conduta de cada participante, entre eles, o mentor da organização. Indivíduo com várias passagens criminais, inclusive por receptação, ele é quem fazia o levantamento das propriedades e dos bens que seriam furtados, geralmente tratores de alto padrão, com preço de mercado bastante elevado.
As provas obtidas revelam inclusive que, eventualmente, muitas informações foram repassadas por pessoas próximas às vítimas, em troca de comissão. Foi observado também que provavelmente, em alguns casos, até proprietários facilitaram a ação dos criminosos para, logo depois, comunicar a subtração dos bens e receber a indenização da seguradora.
Com uma lista de tratores “disponíveis”, T. P. de L. encaminhava fotos para contatos via telefone celular a fim de que os mesmos conseguissem interessados na “compra”. Essa intermediação cabia, principalmente, aos indivíduos conhecidos como “Beto”, “Paraguaio” e “Wanderson”. Em troca dessa tarefa eles recebiam dinheiro. Tudo era feito de forma bastante organizada e meticulosa, da subtração do bem ao transporte até os destinatários finais.
A sofisticação da quadrilha era tanta que duas pessoas eram incumbidas de confeccionar documentos fiscais falsos com o fim de ludibriar a fiscalização e a Polícia Rodoviária durante a locomoção das máquinas por rodovias e alfândega.
Ainda segundo o relatório, T. P. de L. trabalhou com mecânica e manutenção de tratores. Esse conhecimento técnico lhe propiciou atuar como orientador das pessoas que faziam o “serviço sujo”. Ele providenciava ferramentas, cópia de chaves, e até alguém para desligar o rastreador das máquinas. Em alguns casos, de acordo com a investigação, os sinais identificadores dos tratores eram adulterados ainda nas propriedades rurais.
“Podemos afirmar que T. era o mentor da quadrilha. Todos os pagamentos e transações financeiras da prática ilícita se concentraram em contas bancárias dele ou de sua mulher”, explicou Fabiano Ribeiro Ferreira da Silva, Delegado da DIG de Avaré.
Há provas contundentes também contra T. C. B. Ela era quem transportava o marido para as propriedades rurais. O auxiliava também no levantamento das informações e pesquisas dos tratores, bem como nos contatos via telefone celular realizados com outros integrantes da quadrilha.
Entre os acusados está S. P. R. de A., vulgo “Veinho”, indivíduo bastante conhecido no meio policial e integrante da quadrilha há bastante tempo. Morador de Osasco e homem de confiança do líder do grupo, também atuava na escolha e na negociação das máquinas subtraídas. Ou seja, assim como T. P. de L., “Veinho” era operador do grupo e sua opinião era fundamental nas decisões tomadas.
Dois indivíduos em particular eram os responsáveis pelo transporte dos tratares. Eles são denominados no relatório como “Índio” e “Marco”. Há gravações de conversas de ambos com T. P. de L. Este último, inclusive, confirmou durante interrogatório na DIG que essa era a função de ambos na organização. O paradeiro da dupla ainda não é conhecido.
“Ficou claro na investigação que todos agiam em conjunto para a prática de crimes como furto, roubo, adulteração de sinal identificador, estelionato, falsificação de documento. Assim, não restam dúvidas de que se trata de uma organização criminosa, cujas ações devem ser punidas com o rigor que a lei estabelece”, finalizou Fabiano.
T. P. de L. e a companheira foram transferidos para unidades prisionais da região onde permanecem presos preventivamente. O trabalho da DIG continua no sentido de cumprir os mandados de prisão preventiva contra os outros integrantes e recuperar os maquinários subtraídos. No ano passado, a Delegacia apreendeu em Itaí, dois tratores furtados pela quadrilha de uma fazenda experimental em Ijaci, no sul do Estado de Minas Gerais. As máquinas pertencem à Universidade Federal de Lavras.