O maratonista de Avaré (SP) que morreu ao sofrer uma queda de mais de 100 metros de altura durante uma das provas da “Ultra-Trail du Mont-Blanc” (UTMB), ultramaratona feita em uma região montanhosa da França, era considerado um atleta experiente.

Orlando Tsuyoshi Yamanaka, de 59 anos, já havia participado de dezenas de competições. Inclusive, o atleta foi o primeiro brasileiro a completar a Ultra Trail do Monte Fuji, uma corrida por trilhas na montanha mais alta do Japão, com 3.776 metros.

"A gente brincava que Orlando era uma enciclopédia da ultramaratona. Uma lenda das corridas. Ele se foi fazendo o que mais amava e isso é o que nos conforta. Especificamente nesta competição, ele estava muito contente, muito animado, porque é tipo a 'Copa do Mundo' da ultramaratona" conta a prima do atleta, Milena Fukayama.

Há quase 15 anos praticando corrida de montanha, Orlando também era proprietário de um restaurante em Avaré, cidade onde morava com a família. No entanto, antes de se aventurar nas montanhas e na cozinha, ele levava uma vida mais comum, como funcionário de uma agência bancária.

"Na época, ele começou com a corrida de rua, como uma válvula de escape. E logo já estava nas montanhas. Ele se apaixonou pela modalidade e arrastou até a minha mãe", lembra Milena.

Queda

De acordo com a organização da maratona, o acidente aconteceu na segunda-feira (22), quando Yamanaka estava com sua equipe na cidade francesa de Les Contamines e sofreu uma queda de mais de 100 metros.

"Essa prova é de alto nível. Então, os atletas recebem um mapa, com bússola, e eles vão se guiando. Era de noite e estava muito escorregadio, com pedra e água. Em uma descida, ele acabou escorregando, caiu e bateu a cabeça. Por isso, veio a falecer. Foi uma queda bem grande", explica a prima.

Utilizando um helicóptero, a equipe de resgate foi até o local para prestar atendimento ao atleta, mas ele já não apresentava sinais vitais.

Segundo a família de Orlando, na quarta-feira (24), o Consulado do Brasil aguardava a liberação do corpo, que será cremado na França, para iniciar o procedimento de repatriamento.

"Um dos poucos pedidos que ele sempre deixou claro era de ser cremado. O Orlando fez muitas amizades pelo mundo. Para que todo mundo possa de alguma forma se despedir dele, quando as cinzas chegarem, pretendemos fazer uma homenagem. É uma forma de agradecer por todo o legado que ele deixou."

Luto

Amigos, parentes e admiradores de Orlando, que é considerado um dos mais respeitados corredores de montanhas do Brasil, lamentaram o ocorrido.

A esquiadora Mirlene Picin escreveu: “Essa é exatamente a imagem que tem que ficar dele. Um sorriso enorme, no lugar que ele mais amava: as Montanhas. Meus mais sinceros sentimentos aos familiares, amigos e toda a comunidade Trail."

Com uma foto do atleta, outra amiga lamentou: "Várias pessoas passam na nossa vida, mas tem aquelas que são muito especiais. Você foi muito especial @orlandoyamanaka. Uma das melhores pessoas que conheci. Inteligente e humilde ao mesmo tempo."

FONTE: G1 ITAPETININGA (Texto de Rafaela Carlos)